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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

DISRUPCION: a violência educacional




Texto: GINA LIMA

Orientadora Educacional CED 416 de Santa Maria
                              Professora da EJA  -  CEF 316 de Santa Maria

 erginaslima@hotmail.com


DISRUPCION: A Violência Educacional


            A violência escolar vem assustando professores, orientadores educacionais, pais, direção de escola e toda sociedade. A agressividade das crianças, adolescentes e dos jovens denuncia a crise ética, social, política, econômica da sociedade
            No Brasil, segundo pesquisa realizada pela ONG Plan em 2008, os resultados mostram que 70% dos 12 mil estudantes pesquisados em seis estados afirmaram ter sido vítimas de violência escolar. Outros 84% desse total apontaram suas escolas como violentas. Ainda segundo a pesquisa, pelo menos um terço dos estudantes do país afirmou estar envolvido nesse tipo de atitude, seja como agressor ou como vítima.
A “violência nas escolas” que aqui retratamos não são atos como as pixações, vandalismo, rixas de gangues, as agressões físicas e outros. Alertamos de que no interior das escolas ocorrem os mais diversos tipos de violências e crueldades físicas e psicológicas, muitas das vezes ignoradas ou desconhecidas por pais, professores e direção.  A educação brasileira está com notas vermelhas e a causa de tão pouca aprendizagem dos alunos pode estar embutida nas questões de relações interpessoais.
Os ingleses lançaram ao mundo o fenômeno escolar denominado BULLYING que significa o conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas sem motivo aparente, cometidas por um aluno ou grupo contra outro, causando angústia e sofrimento.
Os espanhóis preocupados com o alto índice de violência ocorridas em suas escolas, estão estudando o fenômeno DISRUPCION que significa Fato Violento ocorridos na relação professor/aluno. Refere-se à inquietação, perturbação das aulas; condutas inapropriadas tais como: falta de cooperação, de educação, insolência, desobediência, desrespeito, provocação, hostilidade, abuso, ameaça, entre outros; tudo isso atrapalha as aulas, dificulta à comunicação e o desempenho profissional. Os alunos perturbadores usam essas táticas para testarem e desestabilizarem os professores e dependendo da reação do educador, tomam outro caminho.

Características dos alunos disruptivos:

- são alunos com baixa-estima, falta-lhes  habilidades sociais, apresentam fracasso escolar, tem problemas familiares, são hipersensíveis, estressados, necessitam de apoio para os aspectos da conduta de aprendizagem e tem dificuldade de convivência.

Algumas causas do Disrupcion:

- o despreparo de alguns professores, a falta de metodologia e preparo para as aulas causando o desespero ou a incapacidade profissional, falta de controle da classe, excesso ou falta de autoridade do professor, sala de aula lotadas, falta de motivação dos alunos, falta de normas de convivência em sala de aula.

Os problemas dos professores
          
  A maioria dos problemas enfrentados pelos professores em sala de aula é quase que exclusivo
 disciplinares. Tal fato tem lhes causado angústia, o controle de sala de aula tem sido tarefa exaustiva para o docente que, no final de cada jornada é notório o cansaço e desgaste advindo do esforço para manter a disciplina e dinamizar o conhecimento. Acrescem a essa lista o desrespeito às diferenças individuais, cumprimento do programa exigido, a necessidade de atendimento particularizado aos alunos inclusos e com dificuldade de aprendizagem, anseios em levar os alunos a alcançarem o sucesso escolar nível de rendimento necessário, bem como a busca de algum critério para evitar o fracasso dos alunos e ao mesmo tempo alcançarem o mínimo exigido pelos programas. (Uffffa!!!)       
 Na tentativa de acertarem alguns docentes superam as inconveniências da profissão, outros acabam por se envolverem em conflitos com alunos, assim usam de ameaças, intimidações, agressões verbais, perseguições a alunos, nesse clima do espaço escolar estressado a maior conseqüência é o ensino e a aprendizagem comprometidos.
Crise educacional

Neste século XXI, estamos vivenciando a sociedade do conhecimento, da conquista dos Estatutos e Direitos Humanos, no entanto a docência está precarizada, a figura do educador está carente de autoridade (na concepção weberiana) e de respeito, perdidos ao longo do tempo num processo de precarização e perda de status profissional. Jornais mostram que os melhores alunos não querem seguir carreira do magistério, sendo assim qual o perfil dos professores do futuro?
           Os alunos, por sua vez, trazem para a escola uma gama de vivências externas inimagináveis. Aos professores cabe a missão de mediar conflitos, transformar “espíritos indisciplinados’ em ‘socializados’ e ainda ministrar os conteúdos. Em muitas escolas brasileiras, como no Distrito Federal existem os Orientadores Educacionais que dão suporte aos professores e orientam alunos e famílias objetivando uma vivência melhor nas escolas. Falta vontade política de muitos “educadores de escritório” para implantar projetos interventivos nas escolas para dar apoio aos alunos nos aspectos da conduta de aprendizagem com dificuldade de convivência, com idade/série defasados. Apesar dos Programas de Aceleração nossas crianças e adolescentes ainda estão sofrendo com o problema da reprovação/repetência escolar e milhões de alunos acima de 14 anos ainda não são alfabetizados e entre eles há os que ainda estão cursando o 6°, 7º e 8º anos, referentes à 5ª, 6ª e 7ª série. Essa é uma vergonha nacional e precisa de ações urgente!
 
Os males da TV            
                                                                                                           Os meios de comunicação (TVs, rádio, revistas, Internet, etc...) tem grande poder de influenciar mentes e formar opinião. A televisão atua como transmissora de valores e formadora de opinião pública. Todos os dias somos invadidos com mensagens virtuais violentas e estas poderão levar nossas crianças e jovens a se tornar mais agressivos e intolerantes.
              No seu livro sobre violência escolar, Cléo Fante (2003), declarou que psicólogos e psiquiatras realizaram estudos em 1991 no Brasil e revelaram que “a televisão interfere de maneira prejudicial sobre a criança e o adolescente desencadeando patologias... existe uma grande relação entre a televisão e a construção da identidade e do comportamento e não só dos adolescentes, mas de toda a sociedade”. Isto porque filmes, novelas ou fotonovelas, jogos de videogames, programas jornalísticos sensacionalistas apresentam a violência como algo ‘naturalizado’, imediato, cotidiano e freqüente onde o ‘violento’ é o mais forte que sempre consegue se impor sobre os demais. São freqüentes as transmissões de imagens de diferentes tipos de violência com cenas de brutalidade, de assassinatos, torturas, seqüestros, tiroteios, tráfico de armas e de drogas, alguns momentos apresentados de forma acrítica leva a perda da capacidade de sensibilização. A TV seduz o público indicando modelos e criando novos comportamentos, portanto é preciso ter criticidade com seus conteúdos, ou por outro lado, de forma positiva ela pode orientar a conduta e prestar esclarecimento.
  A solução

É preciso esforço conjuntos para estabelecer um clima harmonioso onde a relação professor/aluno necessita que o educador represente o papel do adulto, impulsionando os alunos, portanto, o autocontrole, a serenidade e a atitude positiva precisam fazer parte do movimento escolar. Isso é tarefa muito difícil, mas necessária para evitar confrontos e manter os alunos ocupados num ambiente de cooperação, cordialidade, afeto e atenção, nesse ínterim, o respeito faz parte do processo para ambas as partes sendo essencial para facilitar a empatia e o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem.
Porém a esperança não se perderá jamais, no meio a tantas violências, tantos dissabores, ainda restam um batalhão de professores comprometidos e defensores da categoria e alunos participativos e autônomos que nos fazem acreditar num claro amanhã, com cada indivíduo cumprindo seu papel na sociedade, com professores sendo valorizados, com salários dignos, ambiente de trabalho saudável, com as famílias participando do processo educativo e os governantes mais éticos. Sonhar é possível... 

Fonte de pesquisa:

FANTE, Cleodelice A. Zonato. Fenômeno Bullying. São José do Rio Preto/SP: Editora Ativa, 2003.

Iniciativas de redução da violência escolar: O Caso de São Paulo, Luiz Alberto Oliveira Gonçalves (UFMG), e Marilia Pontes Sposito (USP)
www.anped.org.br/reunioes/25/luizalbertogoncalvest03.

MORETTI, Neemias, mestre em direito penal e especialista em direito penal e criminologia

SILVA, Manoel Francisco Barros da, A violência escolar na gestão democrática. Pedagogia - UFG



Um comentário:

  1. Para que possamos cultuar uma educação para a paz é preciso que haja uma relação de respeito e compreensão entre professores e alunos.

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