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sexta-feira, 23 de julho de 2010

Caso Bruno: falta de caráter ou de limite?


CASO BRUNO:
falta de caráter ou de limite?


Por: Gina Lima

Orientadora Educacional CED 416

Professora CEF 316 de Santa Maria

erginaslima@hotmail.com


Início de junho, 2010. Enquanto nós brasileiros enxugávamos as lágrimas pela derrota de nossa seleção, o Brasil inteiro torna-se voeyeur da vida do goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes de Souza, mineiro de Belo Horizonte, que dia 23 de dezembro deste completará 26 anos. O fato se deu devido o ídolo futebolístico estar sendo acusado de ser o mandante de um provável crime ocorrido no Rio de Janeiro, contra a paranaense Eliza Samudio, uma jovem modelo e atriz sensual de 24 anos. Até hoje (23/07) o corpo da jovem encontra-se desaparecido e muitas são as pessoas envolvidas no suposto homicídio. Esse crime levantou muitas questões, entre elas: a violência contra as mulheres, drogas, sexo e crueldade.


Não pretendemos discutir se o Bruno foi o mandante ou não do crime. Se a jovem Eliza e Bruno foram imprudentes por fazerem sexo grupal e sem camisinha ou se Eliza premeditou a gravidez para obter lucro financeiro. Se seus amigos mataram para proteger o goleiro ou se existe nessa história um amontoado de mentiras, desencontros, imposição policial, entre outros. Não apontamos culpados ou inocentes, mas sim pretendemos levar a reflexão sobre a importância da família na formação do caráter das pessoas. Com um olhar distante, mas observador, percebemos em Bruno, Eliza e seus amigos pessoas despreparadas para enfrentarem as situações adversas. Mais uma vez ficou confirmada na História que a desestrutura familiar pode levar crianças e jovens a serem adultos problemáticos. Infelizmente, faltou a esses jovens uma família para impor limites e para dar uma formação de caráter harmoniosa.



Mas afinal, o que é caráter?



Segundo o dicionário Aurélio, caráter pode ser definido como o conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que lhe determinam a conduta e a concepção moral. Segundo o Pastor Severino Ramos Silva da Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Recife – PE, “caráter é a base de sustentação de uma pessoa”. O pastor ensina que o caráter se expressa na nossa forma de pensar e agir, o que fazemos revela quem somos, mostra nosso caráter. É expresso também através do nosso estilo de vida, o caráter define nossa conduta.


Somos aquilo que somos quando ninguém está observando. Neste ponto, o ídolo Bruno, apesar de não ser o mesmo menino pobre e tímido, permaneceu com a mesma conduta, o mesmo estilo de vida. O sucesso não o mudou, porém conforme mostra alguns noticiários, alguns poucos amigos influenciavam o seu comportamento.


O teórico comportamental Vygotsky disse que todo Homem se constitui como ser humano pelas relações que estabelece com os outros”. Se a relação da criança e do jovem com os pais for agradável, se absorver carinho, amor e proteção, tende a ser amorosa e se distancia da agressividade, e do mundo das drogas. Agora, se as crianças e jovens são estimuladas através do contato com as drogas, presenciam ou sofrem abusos e violências física ou psicológica, são afetadas negativamente e tende a ser um adulto com conflitos pessoais. A infância e a adolescência são momentos em que os indivíduos estão extremamente abertos às influências. Assim, suas vivências, e em especial a relação com os outros, vão sendo fundamentais na construção de si mesmo, de seu próprio caráter.



A vida de Bruno


Daí, pensamos no histórico de vida do ídolo Bruno e na trama em que está envolvido. Menino abandonado pela mãe, apesar do carinho da avó, vivia em terreno fértil para a marginalidade. Optou pela carreira, pelo sucesso. Aproveitou seu dom, perseverou em busca de seu sonho: ser um grande goleiro e conseguiu. Foi vítima de um sistema louco, onde se ganha muito dinheiro e tem-se muita fama e contatos inúmeros.


Como somos aquilo que queremos ser, o Bruno destacou-se nacionalmente, foi amado e ainda ou é, por milhares de pessoas. Mudou sua vida, cresceu, foi intenso. Constituiu família e amantes. Os amigos passaram a viver à sua sombra. Surgiram ciúmes, posse, influência, percebida na relação com o amigo de codinome Macarrão. Um menino pobre que passou a ganhar em torno de R$ 200 mil mensais e não soube conduzir sua vida. Teve uma relação sem afinidade. Surgiu uma gravidez não planejada. Nasce uma criança sem referências familiares. Há um crime. Uma inconformação. Fim de um sonho. Perdeu o Brasil. Perdemos nós flamenguistas, que tantas alegrias vivenciamos com o nosso BRUNÃO no gol. A esperança de uma notícia no mínimo satisfatória: BRUNO É INOCENTE! Agora, já está feito.


Ficaram algumas lições para nossos jovens e para os pais. Aos jovens pretende-se que sejam mais criteriosos ao escolher as amizades. Precisam acreditar num futuro melhor, numa vida sadia. As jovens precisam descobrir que a forma de vida da Eliza Samudio é abominável e inconsequente. A busca de fama, dinheiro, através do corpo pode acabar mal. A fama e o dinheiro são bem vindos, porém adquiridos através do esforço, do trabalho, do estudo, do esporte, da arte e se tiver muita sorte pela loteria, qualquer outra forma fica invalidada pelo bom caráter e pelos limites morais.


Aos pais fica o recado: A criança e o jovem têm na família a primeira fonte de educação, e aprende com ela através de imitações, conforme expõe Gasparin (2002, p. 88). O que leva a crer que se tiver bons exemplos (relacionados a moral e ética), assim deve aprender. Já se tiverem exemplos de uma família desestruturada, prejuízos morais e comportamentais devem acontecer. Os pais andam sobrecarregados, muitos compromissos a cumprir, porém é dever da família proteger, orientar e dar limites a seus filhos. Por mais duro que possa parecer é preciso que sejam determinadas algumas regras de convivência. A Revista Veja através da jornalista Rubiana Peixoto, elaborou um artigo: Limites. Ainda dá tempo? E deixou um alerta aos pais: “Os erros de educação cometidos na infância produzem efeitos danosos na adolescênciaÉ preciso colocar os limites e as fronteiras em seus devidos lugares, para que delas possam advir futuros adultos criativos e felizes. Será que ao jovem Bruno, a Eliza e aos seus amigos houve fragilidade de caráter ou faltou limites?



“Só sabemos fazer o que foi feito conosco.

Só conseguimos tratar bem os demais se fomos bem tratados.

Só se fomos ignorados, só sabemos ignorar.

Ou o mundo melhora para todos ou ele acaba...”

Roberto Shinyashiki, em A Carícia Essencial.


Leiam os livros:

Disciplina – O Limite na Medida Certa, de Içami Tiba,

Limites sem Trauma, da educadora Tania Zagury,

MAKTUB!

3 comentários:

  1. A ânsia de se perder um ídolo machuca a alma e dói os ossos. Crença tenho que os esclarecimentos virão. Que seja punido/a que culpa tiver.

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  2. Creio que Bruno, nosso grande goleiro não é angelical, porém sua inocência quanto à Eliza Samudio será provada. Há mais profundidade na Caverna de Platão... quem viver verá!

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  3. à espera de algo que poderá vir ou não...meu time não merecia passar por momentos tão deprimentes... sem Adriano, sem Bruno, sem Love...meus domingos não são mais os mesmos...

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