História da EJA
As leituras sobre os métodos Paulo Freire e Dom Bosco me levaram ao mesmo caminho. Por que ainda há, segundo o MEC, 16 milhões de analfabetos no Brasil, se há ótimos métodos de alfabetização, programas governamentais e incentivos de algumas empresas privadas?
Percebemos que as questões sociais, políticas e econômicas são fatores que acarretam os males da educação brasileira.
A questão social ainda exclui os alunos da escola. A categoria política ainda não determinou como prioridade a erradicação dessa problemática. Há iniciativas e programas idealizados por governos que passaram e passam com um só discurso: erradicar o analfabetismo o mais breve possível, mas até hoje, nenhuma plataforma de governo focaliza o tema como real prioridade. A questão econômica é fator determinante para o afastamento dessas pessoas da escola. E assim a EJA continua abarcando um público cada vez mais jovem de alunos e segue a sua trajetória à margem da História da Educação. Outros fatores também impedem a concretização do fim do analfabetismo no nosso país.
Muitos procuram a sala de aula, porém desistem por terem que mudar para longe das escolas, por falta de horário compatível com seus empregos, por não terem com quem deixar seus filhos à noite, por vergonha de freqüentar uma sala de alfabetização, por se enamorar pelos colegas de sala e afastam por não saber lidar com essa nova situação. Outros deixam a escola por cansaço e por não acreditar em seu potencial de aprendizagem e ainda por falta de incentivo dos familiares. Há também outra problemática, que contribui para dar continuidade ao analfabetismo que é a falta de preparo de alguns professores, nem todos estão capacitados para suprir a necessidade de seus alunos. Muitos têm o conhecimento, porém não dispõem de tempo para preparar adequadamente suas aulas. Trabalha-se muito, ganha-se pouco. Essa é a realidade no nosso grande Brasil.
A História do Analfabetismo no Brasil é a própria História da EJA, repleta de contradições, ranços políticos e preconceitos. Iniciou-se com os Jesuítas ensinando os nativos a ler e escrever com objetivos de expandir o catolicismo. Mais tarde, o índice de analfabetismo no Brasil alarmava todo o mundo. Criou-se a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (1947) com o intuito de “ganhar votos” e “algumas divisas”.
A década de 50 surge com críticas à inadequação dos métodos utilizados para alfabetizar os adultos. Essas críticas levaram a educação a outro rumo, a um novo jeito de “reinventar a educação”.
Os sonhos de Paulo Freire e de milhões de brasileiros foram interrompidos pelo Golpe Militar de 64 e muitos outros educadores foram exilados do nosso país. Nesse período o sangue dos brasileiros “críticos” fervilhava sob o autoritarismo militar. Nesse contexto (1967) lança- lança-se o MOBRAL- Movimento Brasileiro de Alfabetização. O ensino supletivo ganhou Lei.
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Trabalhadores em LUTA- anos 70 |
É fundamental que os trabalhadores da EJA conheçam suas propostas, discutam as necessidades dos alunos e registrem as ações realizadas em cada escola para que futuramente possa-se garantir a memória da Educação de Jovens e Adultos no Brasil.
Esperamos ter contribuído no resgate da História da EJA e seus alunos, que apesar de terem direitos previstos por Lei, vêm suas necessidades básicas sendo negadas através das injustiças sociais, da exploração e fragilidade de condição, porém possibilitada através da liberdade, justiça, respeito mútuo, educação permanente e vontade política. Não é apaixonante a História da EJA?