JOÃO VI |
A VIDA POR UM FIO
Este
relato nasceu da idéia de que a fé em Deus, a solidariedade, a união e profissionais
da saúde comprometidos podem recuperar a saúde das pessoas. Este é um pequeno
recorte de um momento trágico na saúde do meu neto João Victor, filho mais
velho de Cid Junior (Jornal Opinião) e Sabrina de Castro (Ferragens Karika),
garoto de onze anos sadio, cursando o 6º ano, apaixonado por futebol e um forte
devorador de feijão com arroz, pizza e um bom churrasco.
Cid Junior( pai) e Davi (irmão)
Cid Junior e Davi |
Início de agosto,
João Victor apresentou febre com dor de garganta e foi medicado. Passou uns dias
com mal estar, falta de apetite e dor de cabeça. No domingo, dia 07 de agosto, a
dor de cabeça aumentou, Junior o levou ao médico que prescreveu alguns remédios
e retornaram para casa. À noite, Sabrina e a pequena Isadora foram à igreja, Cid
Junior ficou em casa com João e o caçula Davi. Quando os três comiam algumas
pipocas João iniciou uma série de convulsões. Aflito, Junior tentou desenrolar
a língua de João, como este já estava ficando arroxeado, ligou para Sabrina e
foi à rua solicitar ajuda. Um casal que estava num barzinho próximo prestou os
primeiros socorros (obrigada!). Uma pessoa parou o carro para socorrer, porém
uma viatura da Polícia ia passando e os levaram para o Hospital da Ocidental. Neste
ínterim, Sabrina, seus pais Beto e Angélica (Ferragens Karika) e a tia Regina
chegaram ao hospital para dar assistência ao pequeno. Cheguei a seguir. João foi atendido e encaminhado ao HRSM – Hospital
Regional de Santa Maria/DF, acompanhada por uma médica e pelo amigo Valmir,
motorista da ambulância. Minha filha
Alyne Lima e eu fomos para Santa Maria. Era quase meia-noite.
PRIMEIROS MOMENTOS NO HOSPITAL REGIONAL
DE SANTA MARIA
No HRSM foi
logo atendido por uma médica. Na emergência, após uma convulsão o médico Dr.
Rodrigo foi chamado e iniciou uma série de procedimentos para salvar a vida de
João (abençoado doutor!!!). Como seu
estado de saúde agravara, os médicos e enfermeiros improvisaram uma UTI na
emergência para atendê-lo melhor. Houve mais convulsões. Nós desesperados. Meus
filhos Cid Junior e Alyne oravam. Os pastores Irley e Rocivam (IBM) e Pastor
Renato (IBAI) pelo telefone acalmavam
Cid Junior. Eu chorava e pedia a Deus força
para aqueles profissionais salvarem meu neto. Uma enfermeira bombava o ar
manualmente para mantê-lo respirando. Os pulmões não respondiam, os rins não
estava funcionando adequadamente, o coração ficou sobrecarregado e no seu cérebro havia pouca oxigenação. Uma
convulsão, mais forte que as outras, fez Cid Junior passar mal. Nós três
sofríamos. Passamos a noite ligando para os familiares. Sabrina (mãe) em casa
cuidava dos outros dois filhos menores e só ela sabe a dor daquele momento. Na
madrugada, João foi encaminhado para o
1º andar para ficar mais próximo dos médicos da UTI, já que não tinha vaga para
colocá-lo imediatamente, pois seu estado de saúde era muito grave. Minha filha
Alyne cuidava de João ao lado dos médicos e enfermeiros. Junior e eu fomos para
fora do Hospital. Eu observava Cid Junior ajoelhado na grama. De sua boca
ecoavam orações e cantos sofridos. Seu clamor era tão forte e confiante que me
deixava cada vez mais emocionada. Seis horas da manhã, Cid Lima (pai do Junior)
e Gibran Lima (irmão) chegaram ao HRSM. Nós quatro, ficamos ali abraçados e
senti a importância da união familiar nos momentos de angústia. Os amigos pelo
telefone diziam palavras de fé e acalmavam nossos corações. A família de
Sabrina distante dali orava. Alyne forte em sua fé não saia do lado do
sobrinho.
A BUSCA PELA VAGA NA UTI
Era manhã de
segunda. Os médicos e enfermeiros lutavam para encubar o João. Nossa família
lutava por uma vaga na UTI. Cid buscava ajuda dos amigos, Alyne e Gibran
tentavam um relatório médico sobre a situação do João para obter uma vaga numa
UTI através do Ministério Público, fazendo valer o que está escrito na Constituição, no artigo número 196:
“ A saúde é direito de todos e dever do Estado , garantido mediante (...)
acesso universal e igualitário às ações e serviços”. Se há emergência e não há
vaga nos hospitais públicos o estado arca com as despesas do hospital
particular para garantir a vida do indivíduo. Com o relatório em mãos Cid recorreu ao MPDFT
de Santa Maria e Gibran dirigiu-se ao MPDFT de Brasília. Com duas liminares em
mãos ficamos aguardando vaga, o que não é fácil. Muitas pessoas chegam a óbito
aguardando uma vaga, mesmo com uma liminar. Como Deus é grande, naquele dia uma criança
seria encaminhada a fazer uma cirurgia cardíaca noutro hospital e a tarde iria abrir
uma vaga na UTI no HRSM. Dezoito horas após a entrada na emergência conseguimos
a sonhada vaga. João ficou em coma induzido por dias. No sétimo dia de UTI, já bem melhor, foi
transferido para a pediatria. Revezamos no acompanhamento dia e noite. Cid Junior,
Sabrina, Alyne (tia), Beto e Angélica (avós), Kelly (irmã de Sabrina) e eu.
Foram dias difíceis, porém vitoriosos. Graças a um grande milagre de Deus vindo
através das muitas orações, meu neto João Victor Pereira Lima está salvo.
Escrevo este, aqui no 1º andar do HRSM, apesar de minha pressão arterial estar
neste momento “17 por 10”. João e eu
estamos planejando acordar bem cedinho, arrumar tudo, pois amanhã terça-feira
(dia 23/08/2011) ele receberá alta. Aqui no primeiro andar meu menino ficou famoso
e todos comentam: JOÂO RENASCEU!!! Concluo este, depois das duas famílias se
juntarem na casa do casal Cid Junior e Sabrina para comemorar a vida do nosso
JOÃO.