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sábado, 2 de outubro de 2010

DIGA NÃO À REPETENCIA ESCOLAR!


Pedagoga/Psicopedagoga / discente em Especialização em Direitos Humanos, Educação e Inclusão - UAB/UNB
Orientadora Educacional e
Professora - EJA - Santa Maria/DF.
           
A educação é um ato político, já disse educador Paulo Freire. Portanto, os educadores são políticos na forma de pensar, agir e se relacionar dentro da comunidade em que atuam. A escola na sua complexidade é possuidora de vasta pluralidade de idéias, ensinamentos diversificados e posturas diferenciadas. Esta, quando não bem administrada pode causar conflitos e desastres educacionais.                                                                                                                  A família tem papel importantíssimo junto à escola, na educação dos alunos. Os pais que acompanham a vida escolar de seus filhos dão suporte para que eles se sintam seguros, tenham uma auto-estima alta e consequentemente sua aprendizagem será um sucesso .                 
               Quando em casa, os filhos não são bem tratados, ouvem palavrões, presenciam brigas, são chamados de “burros”, ou outro apelidos, são comparados com outras crianças ou jovem que são exitosos na escola, eles se sentem excluídos do mundo dos vencedores, tornam-se arredios, com dificuldade para aprender, desmotivados, passam a ser chamados de “indisciplinados”. Esses alunos são considerados os “ranços” da escola e elevam os índices da repetência e evasão escolar.
Há no nosso país um índice altíssimo de repetência escolar. No Chile o índice totaliza 2%, na Argentina 6%, no Camboja 11% e no Brasil o índice é 21% se assemelhando a Moçambique. No ano de 2006, 5.145.421 alunos foram reprovados no ensino público básico brasileiro. Ao custo de R$ 1.440,00 reais por aluno ao ano, dados de 2005, o prejuízo à Nação chegou a R$ 7.409.406.240. Está comprovado o porquê dos governantes não se sentir atraídos para investirem em educação. Construir pontes e viadutos dá mais retorno!!!
            Para se ter uma idéia mais abrangente da importância dessa reflexão, os gastos com a repetência daria para construir milhares de casas para as famílias carentes ou para montar uma biblioteca em cada escola brasileira ou daria para pagar um salário digno para os professores.   
          Segundo João Batista Oliveira, educador, pesquisador e criador das estratégias do Programa Acelera Brasil em parceria com a Fundação Airton Senna, o mais grave problema da reprovação e repetência é a destruição da auto-estima que leva a comportamentos indesejáveis. “A repetência não cria apenas um aluno fracassado: cria profissionais e cidadãos fracassados em todas as dimensões da cidadania, como eleitor, consumidor, contribuinte e ser produtivo.”  

O QUE DIZEM OS PROFESSORES

        Numa pesquisa realizada por Heraldo Vianna em 1991, citado na Pedagogia do Sucesso de Oliveira, 2000, os professores citaram várias causas da repetência escolar, a saber: superpopulação escolar; baixa freqüência dos alunos;baixa freqüência dos professores; alta rotatividade dos professores; formação pedagógica precária; currículos excessivos; ênfase excessiva na memorização; descompasso entre a cultura do aluno e a cultura da escola.
          Há também muitos professores que usam a política da reprovação/ repetência para punir, excluir os alunos que não se enquadra nos padrões exigidos pela escola. Estudos mostram que a maior parte dos alunos que abandonam a escola são motivados por sentimentos de incompetência provocados por uma reprovação e sua conseqüência que leva a repetência.                                               José Augusto Borges, professor de Ciências do CEF 316 de Santa Maria, companheiro da UAB/UNB, nos ofertou com suas considerações sobre a reprovação: “Se vivêssemos uma situação ideal de ensino-aprendizagem, ela poderia ocorrer. Porém muitos de nossos alunos advêm de famílias desestruturadas. Se emancipa da mãe ao deixar de mamar. A rua é sua família. Se for reprovado na escola, essa não será sua primeira desilusão! A escola tem que oferecer ilusões, ajudar a construir sonhos. Romper com esses paradigmas de derrota e desesperança. Sem se esquecer de oferecer ensino de qualidade e formar o cidadão e romper esse ciclo vicioso. Não a reprovação! Sim a cidadania.”  Obrigada, Zé.
         O professor Júllior Roberto de Moura, Diretor Administrativo do CEF 416 de Santa Maria, engrandeceu nossa pesquisa com suas idéias “Em pleno século XXI, com todas as alternativas tecnológicas, ainda sofremos com o atraso que as reprovações escolares nos submetem. È certo que muitos alunos não se sentem motivados a investir na carreira acadêmica, mas, acredito que possamos reduzir as reprovações quando trazemos a família desses alunos para dentro da escola por meio de cursos e palestras direcionadas à relação familiar, escolar e profissional. Precisamos por fim as omissões de todas às partes e banir efetivamente a reprovação escolar sem ser conivente com a relapsidade seja da família ou da escola”. Valeu, companheiro!

REPETÊNCIA ATINGE A FAMÍLIA

            Muitas famílias sofrem com a reprovação/repetência de seus filhos. Acham que os gastos são muitos com livros, uniformes, lanches, passagens entre outros e sentem-se angustiados diante da falta de aprendizagem de seus filhos. “É um sofrimento o final de ano lá em casa, meus três filhos não vão passar de ano, os professores deles já disseram na reunião, o que eu faço?” (...)
           Outros pais, segundo pesquisa do SIADE/DF, estão mais preocupados em obter vagas nas escolas e com a permanência dos filhos no ambiente escolar do que com aprendizagem dos mesmos.
           Outro fator preocupante é o baixo índice de aprovação nas famílias com Bolsa Família, o índice de reprovação é maior do que nas famílias pobres não beneficiadas.

DE QUEM É O PROBLEMA?

A reprovação/repetência não é um problema somente dos alunos, também não é da escola e dos professores, esses apenas introjetaram e reproduziram a cultura social e política que, por séculos, vem reprovando os alunos e alunas da classe trabalhadora menos favorecida.
             Está provado que nas escolas onde professores criativos, direção, supervisão e orientação trabalhem harmonicamente, cada um fazendo o seu papel, o sucesso do aluno é garantido. Isso independe da sua condição social ou necessidade especial. Nos casos de fracasso de alunos, objetivo fim da escola, quem deve necessitar de tratamento é a própria Instituição de Ensino.
          Haverá um dia em que escreverei uma matéria de como foi possível zerar a repetência no Brasil. Meu grande projeto profissional é REPETÊNCIA ZERO NAS ESCOLAS PÚBLICA. Vamos nessa? 
                                                                       
                                 .